PARADIGMA DO ESPIRITISMO -
Allan Kardec
A humanidade, em sua trajetória histórica, sempre necessitou de paradigmas para orientar seus pensamentos e posicionamentos perante as diversas questões da vida. Esses paradigmas (modelos, padrões), que foram utilizados nas áreas da política, da ciência e filosofia, sempre necessitaram passar por revisões e atualizações, visto que os conhecimentos sempre se ampliaram na medida do progresso realizado. Existe, entretanto, um conjunto de princípios, na área da espiritualidade do ser humano, que forma um paradigma universal, aplicável a todos os seres, de todas as nações, de todos os credos e de todos os tempos, baseado nas leis da natureza. É o paradigma espírita, resultante das pesquisas realizadas por Allan Kardec na constatação da imortalidade da alma, através de diversos médiuns e diversos Espíritos, dentro do método da concordância universal do ensino dos Espíritos (CUEE) e do crivo da razão, da lógica e do bom senso. Tudo isso ficou registrado nas Obras Fundamentais do Espiritismo ou Doutrina Espírita de Allan Kardec,
Para estabelecer este paradigma universal espírita torna-se necessário conhecer os princípios encontrados nas Obras Fundamentais e que se encontram sintetizados em “O Livro dos Espíritos”: 1 - Deus: Inteligência Suprema, Causa de todas as coisas; 2 - Espíritos: seres inteligentes da natureza; 3 - Imortalidade da alma: a alma (Espírito, pessoa) jamais deixará de existir; 4 - Dualidade dos corpos do ser humano: corpo físico e corpo perispiritual; 5- Pluralidade das existências corporais: o ser inteligente e imortal passa por uma série de existências rumo a perfeição; 6- Pluralidade dos mundos habitados – mundo físico e mundo espiritual; 7- Penas e gozos futuros da alma de acordo com o mérito de cada um; 8- Evolução progressiva moral e intelectual de todos os Espíritos, tanto encarnados quanto desencarnados. 9- Ética Espírita: Conjunto dos valores morais cristãos: caridade, humildade, mansidão, compaixão, perdão, pureza, bondade, verdade, honestidade, resignação, esperança, trabalho perseverante, paciência, tolerância, solidariedade, temperança e domínio próprio. Tudo isso incluído na busca do aperfeiçoamento progressivo, da verdadeira evolução. 10 - Lei de Justiça, de amor e caridade: Tudo que o homem semear (de bem ou de mal) ele colherá. 11- Comunicabilidade dos Espíritos via mediunidade. 12 – Livre arbítrio. Liberdade de escolhas.
Mediante os conceitos supracitados entramos no conhecimento do Paradigma do Espiritismo, o qual representa uma revolução consciencial. Ele dilata a compreensão da vida e da morte, amplia a fraternidade e a solidariedade entre todos e representa uma realidade mais ampla desconhecida pela maioria das pessoas. Na Revista Espírita de dezembro de 1868, no artigo – Constituição Transitória do Espiritismo, item III, dos Cismas § 19, Kardec demonstra que existem hipóteses que passaram ao estado de verdades constatadas : “ – O Programa da Doutrina não será, pois, invariável, senão sobre os princípios passados ao estado de verdades constatadas; para os outros, ela não o admitirá senão a título de hipóteses, até a confirmação, Se lhe for demonstrado que está em erro em um ponto, ela se modificará sobre esse ponto”. Em cima destas verdades constatadas que se estabelece o Paradigma do Espiritismo (Paradigma Espírita). Kardec estabeleceu a Doutrina Espírita como sendo a resultante do ensino concorde de diversos Espíritos através de diversos médiuns, passado esse ensino pelo crivo da lógica, da razão e do bom senso. O ensino de um Espírito tem valor relativo e muitas de suas propostas devem ser tidas como hipóteses até receber a sanção do ensino coletivo no mesmo sentido e de evidências favoráveis àquele princípio ou tese colocada pelo Espírito. Este paradigma, que é a soma dos conceitos básicos do Espiritismo, passados ao estado de verdades adquiridas, faz parte das leis da natureza, as quais são leis de Deus.
Versão 3 – Nov/2021