domingo, 21 de novembro de 2021

             PARADIGMA DO ESPIRITISMO -
                         Allan Kardec

      A humanidade, em sua trajetória histórica, sempre necessitou de paradigmas para orientar seus pensamentos e posicionamentos perante as diversas questões da vida. Esses paradigmas (modelos, padrões), que foram utilizados nas áreas da política, da ciência e filosofia, sempre necessitaram passar por revisões e atualizações, visto que os conhecimentos sempre se ampliaram na medida do progresso realizado. Existe, entretanto, um conjunto de princípios, na área da espiritualidade do ser humano, que forma um paradigma universal, aplicável a todos os seres, de todas as nações, de todos os credos e de todos os tempos, baseado nas leis da natureza. É o paradigma espírita, resultante das pesquisas realizadas por Allan Kardec na constatação da imortalidade da alma, através de diversos médiuns e diversos Espíritos, dentro do método da concordância universal do ensino dos Espíritos (CUEE) e do crivo da razão, da lógica e do bom senso. Tudo isso ficou registrado nas Obras Fundamentais do Espiritismo ou Doutrina Espírita de Allan Kardec,

            Para estabelecer este paradigma universal espírita torna-se necessário conhecer os princípios encontrados nas Obras Fundamentais e que se encontram sintetizados em “O Livro dos Espíritos”: 1 - Deus: Inteligência Suprema, Causa de todas as coisas; 2 - Espíritos: seres inteligentes da natureza; 3 - Imortalidade da alma: a alma (Espírito, pessoa) jamais deixará de existir; 4 - Dualidade dos corpos do ser humano: corpo físico e corpo perispiritual; 5- Pluralidade das existências corporais: o ser inteligente e imortal passa por uma série de existências rumo a perfeição; 6- Pluralidade dos mundos habitados – mundo físico e mundo espiritual; 7- Penas e gozos futuros da alma de acordo com o mérito de cada um; 8- Evolução progressiva moral e intelectual de todos os Espíritos, tanto encarnados quanto desencarnados. 9- Ética Espírita: Conjunto dos valores morais cristãos: caridade, humildade, mansidão, compaixão, perdão, pureza, bondade, verdade, honestidade, resignação, esperança, trabalho perseverante, paciência, tolerância, solidariedade, temperança e domínio próprio. Tudo isso incluído na busca do aperfeiçoamento progressivo, da verdadeira evolução.      10 - Lei de Justiça, de amor e caridade: Tudo que o homem semear (de bem ou de mal) ele colherá. 11- Comunicabilidade dos Espíritos via mediunidade. 12 – Livre arbítrio. Liberdade de escolhas.

            Mediante os conceitos supracitados entramos no conhecimento do Paradigma do Espiritismo, o qual representa uma revolução consciencial. Ele dilata a compreensão da vida e da morte, amplia a fraternidade e a solidariedade entre todos e representa uma realidade mais ampla desconhecida pela maioria das pessoas.  Na Revista Espírita de dezembro de 1868, no artigo – Constituição Transitória do Espiritismo, item III, dos Cismas  § 19, Kardec demonstra que existem hipóteses que passaram ao estado de verdades constatadas : “ – O Programa da Doutrina não será, pois, invariável, senão sobre os princípios passados ao estado de verdades constatadas; para os outros, ela não o admitirá senão a título de hipóteses, até a confirmação, Se lhe for demonstrado que está em erro em um ponto, ela se modificará sobre esse ponto”. Em cima destas verdades constatadas que se estabelece o Paradigma do Espiritismo (Paradigma Espírita). Kardec estabeleceu a Doutrina Espírita como sendo a resultante do ensino concorde de diversos Espíritos através de diversos médiuns, passado esse ensino pelo crivo da lógica, da razão e do bom senso. O ensino de um Espírito tem valor relativo e muitas de suas propostas devem ser tidas como hipóteses até receber a sanção do ensino coletivo no mesmo sentido e de evidências favoráveis àquele princípio ou tese colocada pelo Espírito. Este paradigma, que é a soma dos conceitos básicos do Espiritismo, passados ao estado de verdades adquiridas, faz parte das leis da natureza, as quais são leis de Deus.

Versão 3 – Nov/2021

quinta-feira, 24 de outubro de 2019


Jesus na visão espírita – Allan Kardec
(A Gênese – Cap. 15 item 2)
Superioridade da natureza de Jesus


               

No Livro “A Gênese”, no capítulo quinze, no ítem 2, após anos de reflexão e estudos espíritas, Kardec escreve acerca da superioridade da natureza dJesus:    


         “Sem nada prejulgar quanto à natureza do Cristo, natureza cujo exame não entra no quadro desta obra, considerando-o apenas um Espírito superior, não podemos deixar de reconhecê-lo um dos de ordem mais elevada e colocado, por suas virtudes, muitíssimo acima da humanidade terrestre. Pelos imensos resultados que produziu, a sua encarnação neste mundo forçosamente há de ter sido uma dessas missões que a Divindade somente a seus mensageiros diretos confia, para cumprimento de seus desígnios. Mesmo sem supor que ele fosse o próprio Deus, mas unicamente um enviado de Deus para transmitir sua palavra aos homens, seria  mais do que um profeta, porquanto seria um Messias divino.
          Como homem, tinha a organização dos seres carnais; porém, como Espírito puro, desprendido da matéria, havia de viver mais da vida espiritual do que da vida corporal, de cujas fraquezas não era passível. A sua superioridade com relação aos homens não derivava das qualidades particulares do seu corpo, mas das do seu Espírito, que dominava de modo absoluto a matéria e da do seu perispírito, tirado da parte mais quintessenciada dos fluidos terrestres (Cap. XIV nº 9). Sua alma, provavelmente, não se achava presa ao corpo senão pelos laços estritamente indispensáveis. Constantemente desprendida, ela decerto lhe dava dupla vista, não só permanente, como de excepcional penetração e superior de muito à que de ordinário possuem os homens comuns. O mesmo havia de dar-se nele, com relação a todos os fenômenos que dependem dos fluidos perispirituais ou psíquicos. A qualidade desses fluidos lhe conferia imensa força magnética, secundada pelo incessante desejo de fazer o bem”.
            No “O Livro dos Espíritos”, Kardec indaga na perg 625:
“ Qual o tipo mais perfeito que Deus tem oferecido ao homem, para lhe servir de guia e modelo?
“Vede Jesus.

“ Para o homem, Jesus constitui o tipo da perfeição moral a que a Humanidade pode aspirar na Terra. Deus no-lo oferece como o mais perfeito modelo e a doutrina que ensinou é a expressão mais pura da lei do Senhor, porque, sendo ele o mais puro de quantos têm aparecido na Terra, o Espírito Divino o animava. Quanto aos que, pretendendo instruir o homem na lei de Deus, o têm transviado, ensinando-lhes falsos princípios, isso aconteceu por haverem deixado que os dominassem sentimentos demasiado terrenos e por terem confundido as leis que regulam as condições da vida da alma, com as que regem a vida do corpo. Muitos hão apresentado como leis divinas simples leis humanas estatuídas para servir às paixões e dominar os homens”. Podemos concluir que. na visão espírita expressada nas Obras Fundamentais, Jesus é o Espírito  mais puro que esteve na Terra, tendo vivido em um corpo carnal semelhante ao nosso. Ele era diferente na natureza espiritual, sendo ele nosso Guia e Modelo Maior. Jesus, Messias (Cristo) de Israel, Filho de Deus, o Mestre, o exemplo maior a ser seguido.                         Marius


Espiritismo: verdade mais ampla
                                                                                  
            Tudo o que foge ao convencional, que é inovador, que rompe com estruturas sedimentadas pelo tempo e pela opinião da maioria, principalmente no campo religioso, sofre a dúvida quanto à sua veracidade, quanto a sua autenticidade. O Espiritismo, como doutrina inovadora, não pode se furtar a ser posto em dúvida a respeito de seus postulados básicos de preexistência da alma; imortalidade do ser; pluralidade das existências; pluralidade dos mundos habitados; Deus e a comunicabilidade dos seres desencarnados com os encarnados. Desde os tempos de Jesus, quando de seu encontro com Pôncio Pilatos, quando este lhe indaga para saber o que é a verdade e ele não tem oportunidade de responder, bem como em eras anteriores, os seres humanos vêm procurando a resposta para seus anseios de     maior conhecimento a respeito da espiritualidade, a respeito de Deus e do Universo.  A verdade, sendo revelada à humanidade progressivamente, é como a luz que deve aumentar em magnitude aos poucos, para não causar confusão e prejuízo aos que a recebem.
      A palavra verdade significa realidade; exatidão; representação fiel de alguma coisa existente na natureza. Porém, num mundo como o nosso, apenas podemos falar, a partir de nossas imensas limitações, em verdades relativas conhecidas em determinada época. Os cientistas, pesquisadores e antropólogos estudam os fenômenos da natureza e da vida a partir de instrumentos e metodologias de ordem material, utilizando meios limitados aos cinco sentidos, dentro de experiências que podem ser repetidas em laboratório.   Quando se tem de pesquisar a vida além do véu material não há como utilizar os mesmos recursos e métodos da ciência convencional.
        Allan Kardec, o sistematizador do Espiritismo, um incansável buscador da verdade, utilizou metodologia própria baseando-se no instrumento revelador que é a mediunidade, esta capacidade humana de transcender os limites do material e adentrar no espiritual, realizando o intercâmbio entre os dois planos da vida. Empregou como parâmetro da verdade a concordância universal dos ensinos dos espíritos, através de diversos médiuns e diversos espíritos, dentro do crivo da lógica e do bom senso.
    O Espiritismo, doutrina que foi trazida à Terra liderada pelo Espírito Verdade, teve em Kardec o missionário escolhido para sistematizá-la por suas qualidades pessoais, seu caráter diamantino e sua conduta reta. Homem de sólidos conhecimentos científicos à sua época era dotado de espírito inquiridor, que não se contentava com meias verdades. O        Espiritismo é uma revelação nova de verdades eternas que estão na natureza, num contexto mais amplo, dilatando os horizontes da vida humana para além do túmulo, dentro de uma série de existências, tendo Jesus como guia e modelo da humanidade. O Espiritismo é, pois, uma verdade mais ampla, apresentada no momento em que muitos se encontram amadurecidos para assimilá-la.


Marius

TERMOS ESSENCIAIS DO ESPIRITISMO:


ESPIRITISMO   s. m.

 É ciência de observação e doutrina filosófica espiritualista - que tem por objeto o estudo do espírito (ser imortal inteligente e consciente; alma) em sua natureza, origem e destino e as suas relações com o mundo corporal (1) e que tem consequências morais e religiosas. Está fundamentada em uma metodologia experimental própria, estabelecida em “O Livro dos Médiuns”, de Allan Kardec, o qual foi o sistematizador (codificador) da Ciência e Filosofia Espírita. A sua parte teórica está sintetizada em “O Livro dos Espíritos”, de 1857. Kardec lançou em 1º de janeiro de 1858 a Revista Espírita, onde publicou diversos estudos, fatos e fenômenos espíritas. O Espiritismo, em seu aspecto religioso, estuda, interpreta, explica e complementa o Cristianismo, dando-lhe uma dimensão universal. Estabelece como ética espírita os princípios morais ensinados por Jesus Cristo, cooperando na regeneração da humanidade. No Brasil predomina o Espiritismo religioso.
            O Espiritismo foi estruturado em três aspectos: científico, filosófico e religioso. Como ciência filosófica estuda o sentido da vida, os fatos, os valores  e princípios gerais da existência do espírito imortal, em suas fases existenciais como desencarnado e como encarnado. É, pois, a CIÊNCIA do Homem Integral – espírito, perispírito e corpo físico – em suas diversas existências corporais e os respectivos períodos entre vidas sucessivas (erraticidade). É, de igual forma, a  FILOSOFIA que explica e elucida a vida imortal do espírito no corpo físico e fora da matéria. O Espiritismo, enfim, é a RELIGIÃO que do amor universal (caridade) faz a pedra angular, determinando os princípios ético-morais da humanidade do futuro, que viverá de acordo com as Leis de Deus.

ESPÍRITA – Adjetivo de 2 gêneros e Substantivo de 2 gêneros (adj. 2 gên.; S. 2 gên. )

 1 –  (em sentido geral) adj. 2 gên.: 

Tudo aquilo que é relativo ao espírito, que dele provem e que guarda ligação com a crença em sua existência, bem como com suas relações com o mundo corporal  ( ex.: Mundo Espírita ou dos Espíritos (LE: livro segundo); fato espírita; fenômeno espírita, etc...) .
2 – (em sentido particular) – Subst. 2 gên.
Partidário do Espiritismo que pratica os ensinamentos (cf. Allan Kardec ).
(Sin: espiritista ). (2)

ESPIRITISTA :  ( Subst. 2 gên. )

 Partidário do Espiritismo, que busca praticar os seus ensinos (sin: espírita; kardecista) (2)

ESPÍRITO: s.m. ( 3 )

Ser individual inteligente, consciente, imaterial, imortal, preexistente e sobrevivente à matéria, dotado de vontade e livre-arbítrio. O espírito possui um corpo semi-material que o reveste denominado perispírito (psicossoma ou corpo espiritual). O perispírito existe antes, durante e depois de cada existência material. Este corpo possui forma humana. Com a finalidade de ingressar no plano mais denso, o plano físico, em nova fase de aprendizado, o espírito reveste-se de um segundo corpo que é o corpo físico ou material. A este ingresso no Plano Físico, em uma série de existências materiais, denomina-se Reencarnação ou Pluralidade das Existências. Ao período entre vidas sucessivas denomina-se erraticidade (período de intermissão; período entre vidas).
       Após o período evolutivo subumano, ou animal, o espírito se individualiza e  ingressa na humanidade. O espírito, uma vez humano, jamais irá novamente encarnar-se em corpo animal inferior, e, sim, somente em corpos animais superiores (de homem ou de mulher). O espírito evolui, pois é perfectível, desenvolvendo os seus diversos atributos, até atingir a condição de espírito puro, liberto das encarnações.

ALMA      s.f.

1.      Segundo Kardec, é o ser imaterial e individual que reside em nós e sobrevive ao corpo.
2.      É o espírito em seu estado de encarnado. (LE p. 134)
3.      Espírito Humano
4.      Parte espiritual e imortal do Homem.


( 1 ) -  “O Que é o Espiritismo” – preâmbulo
( 2 ) – “ O Livro dos Espíritos “ – Introdução: ítem I  

( 3 ) – O verbete – Espírito – é empregado aqui para designar as individualidades dos seres extrafísicos, os espíritos humanos ou almas.

Marius

Roustaing e o Corpo Fluídico
de Jesus Cristo
  
                                                

Imagem relacionada           No ano de 1866 surgiu na França uma obra intitulada “Os Quatros Evangelhos”, recebida mediunicamente pela médium Emilie Collignon e coordenada por Jean Baptiste Roustaing. Tem como subtítulo “Revelação da Revelação”. Entre as diversas teorias que defende a título de novas revelações está a teoria de que Jesus Cristo não esteve na Terra em corpo de carne e osso e, sim, “encarnado pelo Espírito num corpo fluídico”. Segundo Roustaing, assistido pelos Espíritos que ditaram a obra, Jesus não poderia encarnar em corpo material e, devido à missão dada a ele por Deus Pai, formou um corpo com fluidos ambientes da Terra. Este corpo possibilitou a sua estadia em forma visível e tangível, a semelhança do que Allan Kardec denominou de “agênere”, ou seja, um Espírito materializado que pode ser visto e tocado por todos. Há nos livros outras teorias que colidem frontalmente com princípios da doutrina espírita, conforme veremos a seguir.
            Tudo começou em 1861, quando Roustaing teve contato com o Espiritismo. Tornou-se um adepto e como tal escreveu carta a Kardec, que a publicou na Revista Espírita. Em dezembro do mesmo ano deu início à recepção mediúnica, através da médium Collignon, dos quatro evangelhos terminada em 1865. A obra foi editada e publicada no seguinte, portanto, 1866. Em seguida, enviou um exemplar para Kardec. Este a apreciou de forma cautelosa e, de início, não se pronunciou de forma taxativa. Deixou para depois, quando, através de seu critério de concordância universal do ensino dos Espíritos e da lógica rigorosa, pudesse se pronunciar de forma positiva a respeito das teses constantes da obra roustanguista. Isto se deu através da Revista Espírita de junho de 1866 e, especialmente, no livro “A Gênese”, de 1868. No capítulo 15, item 66 da referida obra, Kardec expõe que Jesus teve “como todo homem, um corpo carnal e um corpo fluídico, o que é atestado pelos fenômenos materiais e pelos fenômenos psíquicos que lhe assinalaram a existência”. Kardec, no item 02 desse mesmo capítulo considera ainda que “ Como homem (Jesus) tinha a organização dos seres carnais; porém, como Espírito puro, desprendido da matéria, havia de viver mais da vida espiritual do que da vida corporal, de cujas fraquezas não era passível. A sua superioridade com relação aos homens não derivava das qualidades particulares do seu corpo, mas das do seu Espírito, que dominava de modo absoluto a matéria e da do seu períspírito, tirado da parte mais quintessenciada dos fluidos terrestres (cap. 14, n° 9). Sua alma, provavelmente, não se achava presa ao corpo senão pelos laços estritamente indispensáveis…” Nestes dois itens Kardec evidencia Jesus Cristo com Espírito puro revestido de corpo de carne e osso. A sua imensa superioridade com relação a humanidade residia não tanto em seu corpo, e, sim, nas qualidades de seu Espírito e de seu corpo espiritual (perispírito). No item 65 Kardec tece comentários acerca da materialidade dos sofrimentos de Jesus e a conseqüente materialidade de seu corpo físico. Ficou, assim, descartada a tese do corpo fluídico.    
            Na obra de Roustaing, no original francês editada em três tomos e na tradução para o português, quatro tomos (FEB), existem diversos comentários e interpretações aproveitáveis e instrutivas, ao lado de estranhas teorias de caráter anti-doutrinário com relação ao Espiritismo sistematizado por Allan Kardec, tais  como: “A encarnação humana não é uma necessidade, é um castigo; [...] em princípio, é apenas consequente à primeira falta, àquela que deu causa à queda”. (Os Quatro Evangelhos, 1.º vol., n. 59 p. 282-  ). Por isto, Roustaing submete um texto de Kardec, da Revista Espírita de junho de 1863 (Do Princípio da Não-Retrogradação do Espírito), ao exame dos seus “evangelistas”, que concluem dizendo que os que pensam ser a encarnação uma necessidade geral (Kardec à frente) “ainda não foram esclarecidos, ou não refletiram bastante”. (Os Quatro Evangelhos, 1.º vol., n. 59 p. 286). – “A evolução espiritual se dá em duas linhas: a dos Espíritos que se desviaram para o mal no início de suas jornadas e, portanto, ficaram sujeitos às reencarnações humanas, e a dos Espíritos que nunca se afastaram do bem e, por isto, evoluem pelos mundos etéreos, em linha reta, após superarem os reinos inferiores, como se o homem não fosse acontecimento natural, mas desastre espiritual. Estes mesmos Espíritos bons, contudo, são passíveis de cometer um destes três “pecados”: o ciúme, a inveja e o ateísmo; quando, então, cometem um deles, são obrigados a encarnar em “substâncias humanas”, descritas — pasmem — como “larvas informes” e chamadas “criptógamos carnudos”, “uma massa quase inerte, de matérias moles e pouco agregadas, que rasteja, ou antes, desliza, tendo os membros, por assim dizer, em estado latente”. (Os Quatro Evangelhos, 1.º vol., n. 57 a n. 59). Não importa ao roustainguismo, pois, que “O Livro dos Espíritos” haja ensinado, categoricamente, que seguir o caminho do bem, mesmo desde o princípio da consciência de si, não isenta os Espíritos da necessidade de encarnação e, portanto, da sua união com o corpo; que todos são criados simples e ignorantes e se instruem nas lutas e tribulações desta vida, para que adquiram experiência e, assim, necessariamente, conheçam o bem e o mal, só mediante o que podem atingir por mérito a primeira ordem, a perfeição, ainda que se hajam desviado pelo caminho do mal. (Cf. Ob. cit. ns. 115, 115-a, 119, 122, 124, 125, 126, 133, 133-a, 634.) Estas e outras teorias colidem com a doutrina espírita.
            Finalmente, queremos registrar aqui que vários confrades de peso, tanto no exterior (Denis, Flammarion, Dellane) quanto no Brasil (José Herculano Pires, Júlio de Abreu Filho, Deolindo Amorim, Luciano Costa, Carlos Imbassahy, Wilson Garcia (“O Corpo Fluídico”) e, recentemente, Sérgio Fernandes Aleixo) rejeitaram e escreveram contra a obra “Os Quatro Evangelhos”, com suas teorias sobre o corpo fluídico e demais. Fica, para o leitor, a sugestão da leitura das obras destes autores consagrados, para melhor ajuizar a respeito do tema deste artigo. Que o Espírito da Verdade nos ilumine e esclareça, a fim de caminharmos com segurança rumo à perfeição que nos está destinada.

Nota: Na data de 10 de Agosto de 2019, em Assembleia Geral, na Federação Espírita Brasileira (FEB) ficou estabelecido que está retirado do Estatuto da FEB o estudo de J.B. Roustaing (Os Quatro Evangelhos). Isto já estava planejado desde 2003, mas não foi possível. Somente na data acima que se concretizou esta iniciativa da diretoria da FEB.

Marius

O Livro dos Espíritos – Allan Kardec
                                                          
Imagem relacionada          O Livro dos Espíritos é o livro fundamental do Espiritismo. Foi lançado a 18 de abril de 1857. A segunda edição foi lançada em 18 de março de 1860. Está composto em quatro partes: 1) Causas primárias 2) Mundo dos Espíritos 3) As Leis Morais 4) As Esperanças e Consolações. Causas Primárias - Deus: Inteligência Suprema; Causa primária de todas as coisas. Não podemos compreender Deus em sua totalidade. Podemos fazer idéia de seus atributos: eterno, infinito, imaterial, imutável, único, onipotente, onisciente, onipresente, soberanamente justo e bom. Deus é a causa de tudo. Assim como o quadro não é o pintor que o concebeu e executou, assim as obras de Deus não são o próprio Deus. Princípio das Coisas - O conhecimento do princípio das coisas é dado ao homem paulatinamente. A matéria não é inteligente. O princípio inteligente independe da matéria. A origem de ambos é desconhecida. Estão subordinados a Deus. A matéria é uma forma de energia universal. O espaço universal é ilimitado. O universo abrange os mundos visível e invisível, os seres animados e inanimados e os fluidos que enchem o espaço. A época do aparecimento dos seres vivos e do homem na Terra não pode ser determinada com precisão. Todos os mundos são habitados e há mundos superiores e inferiores à Terra.
            O Mundo dos Espíritos: Os Espíritos são os seres inteligentes da criação. Povoam o universo fora do mundo material. O mundo dos Espíritos preexiste e sobrevive a tudo. Os Espíritos povoam os espaços infinitos e estão por toda a parte nos dois mundos. O Espírito é envolvido por um envoltório semimaterial denominado perispírito. Este envoltório tem a forma que o Espírito deseja e pode tornar-se visível e mesmo palpável para nós. Os Espíritos são de diferentes ordens, conforme o grau de perfeição alcançado: Espíritos puros; Espíritos bons (os que chegaram ao meio da escala) e os Espíritos imperfeitos. São os próprios Espíritos que se melhoram e passam, assim, de uma ordem inferior para outra mais elevada. Assim, um dia, todos os Espíritos se tornarão perfeitos. Os anjos são Espíritos puros. Os demônios são Espíritos impuros, habitantes de mundos inferiores. Da encarnação: Os Espíritos encarnam-se para que possam chegar à perfeição. A alma é um Espírito encarnado. O Espírito tem dois corpos: um sutil (perispírito) e outro denso (corpo físico), quando encarnado. Volta à vida espiritual: Após a morte a alma volta a ser Espírito. A Alma se desprende gradualmente. Ela passa por um período de perturbação, até se reconhecer plenamente. Pluralidade das existências: A alma passa por muitas existências corporais. Vida      Espírita: Podem durar desde algumas horas até alguns milhares de séculos os intervalos da encarnação. A alma conserva sua individualidade, percepções e faculdades. Retorno à vida corporal: Os Espíritos pressentem a época que vão reencarnar. A união da alma ao corpo começa na concepção e só se completa na ocasião do nascimento.  Emancipação da alma: A alma em certos momentos, como o sono, se liberta temporariamente do corpo. Intervenção dos Espíritos: Os Espíritos influem a tal ponto em nossos pensamentos e atos que de ordinário são eles que nos dirigem.  Eles nos aconselham secretamente para o bem e para o mal. Ocupação dos Espíritos: Os Espíritos tem como função principal melhorarem-se pessoalmente. Todos têm deveres a cumprir. Alguns permanecem ociosos até sentirem o desejo de progredir. Os Três Reinos: A Alma dos animais conserva após a morte sua individualidade, sem a consciência de seu “Eu”. As plantas só têm a vida orgânica. O homem é um ser à parte. Pelo corpo é como os animais. Pelo Espírito tem características que o diferenciam dos animais. As Leis Morais: Lei Divina; Lei de Adoração; Lei do Trabalho; Lei de Reprodução; Lei de Sociedade; Lei de Progresso; Lei de Igualdade; Lei de Liberdade; Lei de Justiça, de Amor e de Caridade; Perfeição Moral. Esperanças e Consolações: Penas e Gozos Terrestres: A vida do homem na Terra é de provas e expiações. Dele depende a suavização dos males e o ser feliz quando possível. Penas e Gozos Futuros: Todas as nossas ações estão submetidas à Lei de Deus. As penas e gozos depois da morte nada têm de material. As penas e gozos futuros são temporários e subordinados ao mérito ou demérito do Espírito e seu grau de evolução. Conclusão: O Espiritismo não traz, ao mundo, moral diferente da de Jesus. Torna inteligíveis e patentes as verdades que haviam sido ensinadas na forma alegórica. Traz-nos a definição dos mais abstratos problemas do estudo da alma. O Espiritismo é o laço que um dia unirá os homens e mostrará onde está a verdade e onde o erro.


Marius

Qual a melhor de todas as religiões?
           
Resultado de imagem para religioes imagem            O ser humano, em sua natural fragilidade e necessidade de segurança, tende a reconhecer a existência do elemento Criador do Universo,  que preside à geração de todos os planetas, sóis, estrelas, bem como a todos os seres vivos da natureza. “Para todo efeito existe uma causa”, diz velho axioma. Para tudo aquilo que o homem não criou somente pode-se concluir que foi o Ser Supremo, o qual nós designamos pelo conceito dado à palavra Deus. Em sua ânsia de obter as graças do Eterno, o homem criou diversos sistemas e práticas de devoção a Deus, conhecidos como religiões. Diversas são as religiões, vários são os nomes para a Divindade. Existe o questionamento se ele tem forma ou não, quais são seus atributos e poderes. Porém, neste meio tão diversificado torna-se difícil  saber qual a melhor de todas as religiões. Neste artigo procuramos reflexionar em torno do tema, sem querermos esgotá-lo ou concluí-lo.
            Questionado por um sacerdote, em diálogo inserido no cap. I do livro “O que é o Espiritismo”,  a este respeito, Kardec assim responde: - “ Os espíritos superiores, quando não são solicitados por nenhuma solicitação especial, não se preocupam com questões de detalhes. Eles se limitam a dizer: “Deus é bom e Justo; ele não quer senão o bem; a melhor de todas as religiões, pois, é aquela que não ensina senão conforme a bondade e a justiça de Deus; que dá de Deus uma idéia mais ampla, mais sublime, e não o rebaixa emprestando-lhe a pequenez e as paixões da humanidade; que torna os homens bons e virtuosos e lhes ensina a se amarem todos como irmãos; que condena todo o mal feito ao próximo; que não autoriza a injustiça sob qualquer forma ou pretexto que seja; que não prescreve nada de contrário às leis imutáveis da natureza, porque Deus não pode se contradizer; aquela cujos ministros dão o melhor exemplo de bondade, de caridade e de moralidade; aquela que tende a combater melhor o egoísmo e a lisonjear menos o orgulho e a vaidade dos homens. Aquela, enfim, em nome da qual se comete menos mal, porque uma boa religião não pode ser o pretexto de um mal qualquer; ela não deve lhe deixar nenhuma porta aberta, nem diretamente, nem pela interpretação. Vede, julgai e escolhei “.
            As religiões são processos educacionais das almas em evolução no sentido de elevar a moralidade dos diversos fiéis, de acordo com a cultura, a compreensão e o discernimento atingidos em determinado estágio da alma imortal. Para cada religião existem almas que se afinizam com seus conceitos e nela podem crescer, se forem sinceras em sua fé e prática. Em nossa cultura ocidental cultuamos, predominantemente, aquele que foi a encarnação do Amor Divino, da Compaixão, da Misericórdia e do Perdão: Jesus de Nazareth. A essência de sua mensagem, o Sermão da Montanha, encerra o que há de mais belo em a natureza humana e que basta ser cultivado para florescer e dar frutos: o amor ágape. Ágape significa, em termos atuais, o amor inegoístico em ação. Não em potencial, mas, sim, concretizado nas ações e relacionamentos do dia-a-dia. “Amai-vos uns aos outros como eu vos amei” , disse Jesus e “Fazei ao próximo aquilo que quereis que o próximo vos faça”, como regra áurea. Qual a verdadeira religião? É aquela que produz o maior número de homens e mulheres de bem, empenhados no auto crescimento, no auto burilamento e na busca da maturidade maior, embasada na prática do amor em sua mais elevada expressão.

Marius


ALLAN KARDEC: o Edificador de um Novo Tempo para a Humanidade
 



            A humanidade é uma grande família conduzida pelo Pai Criador. Este, como bom Pai, procura educar seus filhos, guiando-os a um destino melhor e mais feliz. Para tanto possui métodos próprios para atingir tais objetivos. Ele atende, protege, esclarece e guia suas criaturas através das suas próprias criaturas. De tempos em tempos a divindade envia ao orbe terrestre almas de alta envergadura capacitadas a realizar missões de progresso junto à humanidade. São luminares que vêm clarear a noite que muitas vezes se instala na Terra. Alguns são dotados de uma magna luminosidade, como o Cristo de Deus. Outros, em gradações evolutivas diversas, vêm, de igual forma, trazer seu contributo à história do pensamento humano. Alguns na área científica, outros na área filosófica e outros na área religiosa, tais como Lavoisier, Tomas Édson, Einstein, Pitágoras, Sócrates, Platão, Gandhi, Chico Xavier, João Paulo II e outros. Dentre estes destacamos aquele que uniu as três áreas e ficou mundialmente conhecido como Allan Kardec: Hippolyte Léon Denizard Rivail (1804 – 1869).
Características de Kardec: Para conhecer o Espiritismo precisamos entender e conhecer melhor Kardec: homem cristão, universal, filósofo, educador, poliglota, didático,  não sectário intolerante, não proselitista; contra o fanatismo, a fé cega e o dogma(1); a favor das leis naturais e universais que regem o destino humano. Desde sua juventude ocorreu o desabrochar das qualidades morais que caracterizam o homem de bem, (Evang. Seg. o Esp. c. 17, item 3) as quais foram sempre pano de fundo de seu caráter íntegro, diamantino. Era homem honesto, trabalhador, que devia sua existência ao ensino; elaboração de obras didáticas; traduções de livros e escrituração de casas comerciais. Não impunha suas opiniões. Sempre disposto a renunciá-las desde que demonstrassem estar em erro. Demonstrava tolerância em todas as circunstâncias. Alegre e hospitaleiro. Caridoso.
O Edificador de um Novo Tempo: O planeta Terra está em fase de transição, de grandes mudanças. Ocorre o ocaso de um ciclo planetário e início de uma nova fase para toda a humanidade. A humanidade, em todas as fases históricas, sempre apresentou conflitos, guerras, corrupções, egoísmo exacerbado, interesses pessoais prevalecendo sobre os coletivos, apego ao materialismo e ambições mundanas. Ao lado disso, em pequena escala, em diminuto número, sempre houve os que buscavam a verdade, o bem, o belo, a edificação de um mundo melhor pela prática do bem e das virtudes.  Entre estes, surgiu no século 19 o missionário da Terceira Revelação: Allan Kardec. Ele veio com a missão de trazer ao mundo o terceiro ciclo das revelações divinas que tiveram início com Moisés, depois com Jesus de Nazaré e, agora, com o Espiritismo. O Espiritismo é o Consolador Prometido pelo Mestre Jesus em João 14:16. Allan Kardec não é o criador do Espiritismo. Ele teve o papel de sistematizador, de coordenador das pesquisas, de redator das obras básicas: “O Livro dos Espíritos”; “O Livro dos Médiuns”; Evangelho S. o Espiritismo; “Céu e Inferno” e “A Gênese”. A origem das informações contidas nos livros está nos Espíritos superiores. Eles se comunicavam através de diversos médiuns, em localidades diferentes. Os princípios do Espiritismo são: Deus; preexistência e sobrevivência da alma (espírito) à morte corporal; dualidade dos corpos do espírito (corpo físico e corpo espiritual ou perispírito); reencarnação (pluralidade das existências); pluralidade dos mundos habitados; Lei de Causa e Efeito; Lei da Evolução (todos os seres criados são perfectíveis, progridem em todos os sentidos nas diversas existências); penas e gozos futuros de acordo com o mérito de cada um, do nível evolutivo alcançado, da obediência ou não às leis divinas.
            Kardec foi o trabalhador incansável, devotado, perseverante, que buscou vencer os obstáculos, as dores, os sofrimentos a ele impostos na realização de sua missão. Trouxe um grande contributo para a edificação de um novo tempo para a humanidade: tempo de união, fraternidade, amor universal, não-violência; altruísmo; solidariedade e paz entre todos.

Marius

quinta-feira, 3 de outubro de 2019

Somos Espíritos imortais
em evolução


                                                                         
           

         A vida e a morte sempre foram enigmas para o ser humano. “Conhece-te a ti mesmo”, a sábia frase encontrada no pórtico de Delfos, na Grécia antiga, desafiava o homem, desde aqueles longínquos tempos, a auto descobrir-se, a analisar sua estrutura integral. Sábios, filósofos e grandes pensadores do passado, bem como os grandes líderes de religião, procuravam encontrar a razão da vida, do sofrimento, das diferenças entre os homens e qual o valor da moral e da ética para a sociedade. Coube ao Espiritismo a tarefa de desvelar as realidades transcendentes da vida além da matéria de forma mais ampla, num contexto de ciência, filosofia e religião (moral), no sentido filosófico e não no sentido tradicional (*).
            Revela-nos o Espiritismo que a verdadeira vida é a espiritual, que é eterna. Ela preexiste e sobrevive a tudo, independentemente ao nosso mundo material, o planeta Terra. A vida corporal é transitória, passageira, fugaz. O ser inteligente, o espírito (ego, pessoa, consciência), que é imortal e é revestido de um corpo semi-material, teve um princípio, quando foi criado por Deus, porém não terá fim, ou seja, nunca deixará de existir como individualidade pensante e atuante. Ele está inserido num processo de progresso infinito, a Evolução. Evolução significa desenvolvimento; progresso; transformação. Afirmava Lavoisier que “na natureza nada se cria, nada se perde, tudo se transforma”. Nosso corpo físico, quando desativado no processo chamado morte, retorna ao pó de onde veio, tornando-se matéria orgânica decomposta que irá integrar outros corpos na natureza.  O espírito (alma), que habitava o corpo carnal, passará a existir fora da matéria, no mundo ou dimensão espiritual, sua verdadeira pátria, seu lar de origem. Ao findar a estadia no mundo material, realiza uma revisão de tudo aquilo que fez e deixou de fazer, das conseqüências de seus atos nas vidas com as quais conviveu, analisa seus pensamentos e emoções. A partir daí, no chamado período de erraticidade, ou seja, entre duas encarnações, irá se preparar para um futuro mergulho na carne, quando iniciará novo processo de aprimoramento intelectual e moral. Neste meio tempo o espírito poderá evoluir, se buscar se esforçar por alcançar tal meta. Há casos de espíritos rebeldes que permanecem estacionários, passivos, apegados às sensações e fatos materiais, os quais, assim agindo, atrasam seu processo evolutivo. Chega, porém, o momento em que eles se cansam, arrependem e procuram a forma de seguir em frente e evoluir.
            Somos espíritos imortais em evolução. Esta é a grande realidade a qual precisamos assimilar, conscientizando-nos de que a vida humana é um período escolar, dentro de uma série de existências, onde nos educamos e reeducamos, sofremos e nos alegramos, erramos e acertamos, progredindo sem cessar. A vida espiritual é a principal e a material é secundária. Não devemos, entretanto, negligenciar a vida humana com seus deveres inerentes e as leis naturais que a regem. Necessitamos, sim, priorizar nossa auto-evolução para, ao final da jornada, tornados Espíritos puros, podermos contemplar o Pai Celeste e sermos os seus mensageiros diretos, cooperando na grande obra de evolução das humanidades e dos mundos que compõem o universo infinito.
Marius 

(*) Kardec, AllanRevista Espírita. Dez 1868. Discurso do Sr Allan Kardec. É o Espiritismo uma religião? p. 483. Tradução Evandro Noleto - FEB. 

CAMPANHA COMECE PELO COMEÇO: Comece pelas Obras Fundamentais do Espiritismo - Allan Kardec


sábado, 21 de outubro de 2017

O que é o Espiritismo – Allan Kardec

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            O homem, este ser que ocupa o ponto mais elevado na escala dos seres vivos, em sua luta pela sobrevivência, sempre buscou mais e mais conhecimento acerca dos fenômenos que o rodeiam, a fim de aumentar seu bem estar e de poder decifrar os enigmas da natureza. Nesta busca adentrou nos mais recônditos lugares, desde a vida microscópica até a investigação das estrelas e das galáxias. Utilizou, neste cometimento, de diversos instrumentos, desde o microscópio até o mais potente telescópio colocado em satélites ao redor da Terra. Faltava-lhe,  porém, um instrumento para sondar a vida além da matéria, a verdadeira vida que é a espiritual. Allan Kardec, o missionário do séc. 19, descobriu na mediunidade a possibilidade de rasgar os véus que encobrem a espiritualidade, até então adstrita à religião, a doutrinas orientais de cunho místico, bem como a filósofos tais como Sócrates, Platão, Pitágoras e outros. Trouxe-a para o terreno da ciência, fazendo a ponte entre esta, a religião e a filosofia.
          “Para coisas novas, necessita-se de palavras novas”, afirmou Allan Kardec. A fim de evitar confusão com outros ramos espiritualistas, adotou a palavra Espiritismo. O que é o Espiritismo? Kardec responde: “O Espiritismo é ao mesmo tempo uma ciência de observação e uma doutrina filosófica. Como ciência prática, ela consiste nas relações que se podem estabelecer com os espíritos; como filosofia, ele compreende todas as conseqüências morais que decorrem dessas relações. Pode-se defini-lo assim:  O Espiritismo é uma ciência que trata da natureza, da origem e da destinação dos espíritos e das suas relações com o mundo corporal.” Podemos afirmar que o Espiritismo não é uma criação da mente de Allan Kardec, nem a revelação dada por um único espírito, que o colocaria no plano de uma opinião pessoal. Em verdade, é o produto de um trabalho coletivo, de vários espíritos, através de vários médiuns, tendo Allan Kardec, nesta ordem de estudos, o papel de pesquisador e coordenador.   “Agi, pois, com os espíritos, como o teria feito com os homens. Foram, para mim, desde o menor ao maior, meios de me informar, e não reveladores predestinados” - conclui, em seguida, Kardec: “Tais foram as disposições com as quais empreendi e sempre persegui nos meus estudos espíritas: observar, comparar e julgar, nunca admitindo uma explicação como válida senão quando podia resolver todas as dificuldades da questão”. Assim agiu Kardec, exercendo o bom senso de que era dotado. No Brasil houve mudança no conceito acerca do Espiritismo, como tendo três aspectos: Ciência, Filosofia e Religião, sendo o aspecto de Religião considerado como principal. A Religião espírita ou Cristianismo Redivivo. Sem rituais, sacerdócio, liturgia ou dogmas. Seria uma religião não tradicional, diferente das demais.

        O Espiritismo não se atêm a questões dogmáticas das religiões tradicionais, as quais sempre dividiram os homens. Revela, entretanto, a essência das coisas a respeito de Deus, da alma, da vida e do universo: Deus – é a inteligência suprema, causa primária de todas as coisas. O princípio inteligente (espírito)  é independente da matéria. O Espírito possui um envoltório (corpo) denominado perispírito. A alma individual preexiste e sobrevive ao corpo físico. O mesmo ponto de partida, no processo evolutivo, para todas as almas, sem exceção. Todas são criadas simples e ignorantes e são submetidas ao progresso indefinido. Nenhuma criatura privilegiada é mais favorecida, uma do que as outras. Os anjos são seres chegados à perfeição depois de terem passado, como as outras criaturas, por todos os graus de inferioridade. A vida espiritual é a vida normal. A vida corpórea é uma fase temporária da vida do espírito, durante a qual ele reveste, momentaneamente, um envoltório material, de que se despoja na morte. O Espírito progride no estado corporal e no estado espiritual. Este progresso dá-se em duas bases: a moral e a intelectual, realizado em uma série de existências. Neste processo a alma percorre uma série de mundos, na busca da perfeição. Jesus é o GUIA E MODELO DA HUMANIDADE (LE Perg 625). A moral do Espiritismo é a moral ensinada pelo Mestre Jesus.
Marius

segunda-feira, 9 de outubro de 2017


O que é ser espírita
 na visão de Allan Kardec


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Muitos se questionam o que é ser espírita e a quem cabe este qualificativo. Alguns, apesar de adotarem todos os princípios, dizem estar “tentando ser espírita”. Afinal, o que é ser espírita, qual o significado e qual a conceituação que envolve o termo – espírita? A palavra espírita (spirite em francês) , como muitas outras, foi criada por Allan Kardec, a partir da palavra inglesa spirit + e. Precisamos considerar, inicialmente, que ela pode ser usada como substantivo ou como adjetivo. Como adjetivo ela qualifica determinados substantivos tais como doutrina, filosofia, fenômeno, dando origem à doutrina espírita, filosofia espírita, fenômeno espírita e outros. Tem como significado – tudo o que é relativo ao Espiritismo ou guarda relação com seus princípios fundamentais. Na introdução ao “Livro dos Espíritos”, no item 01, Kardec coloca a palavra espírita como substantivo (comum de dois gêneros) para indicar os adeptos do Espiritismo. Nas demais obras ele especifica os graus de comprometimento e de prática de sua moral. Surgem adjetivos tais como experimentadores, imperfeitos, cristãos, verdadeiros espíritas. “O Espiritismo se apresenta sob três aspectos diferentes: o fato das manifestações, os princípios da filosofia e de moral que delas decorrem e a aplicação destes princípios. Daí, três classes, ou antes, três graus de adeptos: 1º - os que crêem nas manifestações e se limitam a comprová-las; para esses o Espiritismo é uma ciência experimental; 2º - os que lhe percebem as conseqüências morais; 3º os que praticam ou se esforçam por praticar essa moral. (O Livro dos Espíritos, conclusão, item sete)”.
Os espíritas são aqueles que adotam os princípios fundamentais do Espiritismo como base de crença e conduta. Quais são os princípios da doutrina espírita? 1 – Existência dos Espíritos (seres inteligentes da criação); 2 – Imortalidade dos Espíritos (almas); 3 – Preexistência do Espírito com relação ao corpo físico; 4 – Pluralidade das Existências (Reencarnações); 5 - erraticidade: período entre encarnações; 6 – Dualidade dos corpos: corpo físico e corpo espiritual (perispírito); 7 - Pluralidade dos mundos habitados;  8 – Mediunidade (intercâmbio espiritual); 9 – moral cristã: caridade, tolerância, paciência, humildade, mansidão, etc…; 10 – Livre Arbítrio: liberdade de escolhas. O Espiritismo tem de ser apresentado e considerado em seu conjunto de fenômenos e princípios científicos e filosóficos para que possibilite a formação de crença sólida e fundamentada. Kardec sempre enfatizou que o Espiritismo jamais poderá ser imposto. Ele é de livre e espontânea adesão. Com relação aos graus de adeptos Kardec a eles se refere em “O Livro dos Médiuns”, no parágrafo 28 do Capítulo 3: “1º - Os que crêem pura e simplesmente nas manifestações. Para eles o Espiritismo é apenas uma ciência de observação, uma série de fatos mais ou menos curiosos; nós os chamaremos espíritas experimentadores; 2º Os que vêem no Espiritismo outra coisa além dos fatos; eles compreendem a sua parte filosófica; admiram a moral daí decorrente, mas não a praticam. São os espíritas imperfeitos. 3º Os que não se contentam com admirar a moral espírita, que a praticam e lhe aceitam todas as conseqüências. Convencidos de que a existência terrena é uma prova passageira, tratam de aproveitar os seus breves instantes para avançar pela senda do progresso, única que os pode elevar na hierarquia do mundo dos Espíritos, esforçando-se por fazer o bem e combater suas más tendências. As relações com eles sempre oferecem segurança, porque a convicção que nutrem os preserva de pensarem em praticar o mal. A caridade é, em tudo, a regra de proceder a que obedecem.  São os verdadeiros espíritas, ou melhor, os espíritas cristãos “.
No “Evangelho segundo o Espiritismo” no capítulo 17, em seu item 4, surge um importante texto intitulado “Os bons espíritas”. Esse texto dá seqüência ao anterior, O Homem de Bem”, em que Kardec apresenta a enumeração das qualidades que distinguem um Homem de bem. O texto sobre os bons espíritas inicia salientando que: ”Bem compreendido, mas, sobretudo bem sentido, o Espiritismo nos leva aos resultados acima expostos, que caracterizam o verdadeiro espírita como o cristão verdadeiro, pois que um o mesmo é que outro. O Espiritismo não institui nenhuma moral nova; apenas facilita aos homens a inteligência e a prática da do Cristo. Faculta fé inabalável e esclarecida aos que duvidam ou vacilam”. É essa coincidência dos preceitos morais espíritas com os preceitos morais cristãos que justifica a denominação espírita cristão, que, como vimos, aparece no parágrafo 28 do “Livro dos Médiuns” e depois será retomada em “Viagem Espírita em 1862”. Deve-se notar, porém, que Kardec não preconiza que se use sempre essa expressão, ou outra qualquer, em substituição a espírita, simplesmente. Ele a utilizou no contexto especial da análise das diferentes posturas dos homens diante do Espiritismo. Seria impróprio tentar usá-la irrestritamente, como às vezes de fato se faz no movimento espírita, na tentativa talvez de diferenciar os espíritas dos adeptos de outras vertentes espiritualistas ou mediunistas, como as religiões afro-brasileiras.
Conclusão: O lema do Espiritismo é “Fora da Caridade não há salvação” e Kardec acrescenta (*): “Fora da Caridade não pode existir verdadeiros espíritas”.  Necessário refletirmos aqui que para ser espírita não é necessário ser perfeito, ou santo, portador de grandes virtudes. Para ser espírita é, como dito acima, necessário que se adote os princípios do Espiritismo. Porém, para ser um bom espírita ou um verdadeiro espírita ( um espírita praticante) é necessário levar em conta o que Kardec colocou em “O Evangelho Segundo o Espiritismo”, no capítulo 17, item 4, “Reconhece-se o verdadeiro espírita pela sua transformação moral e pelos esforços que emprega para domar as suas más inclinações”.
(*) Viagem Espírita em 1862, pág. 48 – editora O Clarim.
 Bibliografia:
1 – Obras completas de Allan Kardec
2 – Ser espírita – Silvio Seno Chibeni

3 – O que quer dizer “O verdadeiro espírita”? José Benevides – Correio Fraterno

Marius

sábado, 9 de setembro de 2017

O Livro dos Espíritos: 
o marco inicial do Espiritismo

                                                                              

        Os primeiros sistemas de escrita das idéias, dos fatos, dos conhecimentos, datam de fins do 4º milênio a.C. Em cada nação a escrita foi aperfeiçoada de forma particular. Gutenberg (1400-1468) criou a imprensa em 1456, a partir da publicação da Bíblia Sagrada, o primeiro livro impresso. A maior parte do conhecimento humano se encontra na forma impressa dos livros. O livro nasceu e desenvolveu-se utilizando elementos de todos os reinos: mineral, animal e vegetal. Primeiro a pedra, os metais e a argila; depois as tabuinhas enceradas, as peles de animais e, finalmente, o papiro (utilizado pelos antigos egípcios e alguns povos orientais), o pergaminho, o córtex das árvores, o junco e fibras de madeira (celulose), materiais usados em sua evolução. Ele adquiriu, ao longo do tempo, diversas formas e composições. O livro serve para transmissão do conhecimento e para entretenimento. Ao surgirem os primeiros fenômenos mediúnicos nos Estados Unidos, em Hydesville (1848), na casa da família Fox, na manifestação do Espírito Charles Rosma, e, em seguida, na Europa, com as mesas girantes, toda uma gama de conhecimentos surgiu para aqueles que se dedicaram a devassar o invisível através da mediunidade. Dentre eles Allan Kardec destacou-se e assumiu liderança mundial. A partir de suas pesquisas realizadas através de diversos médiuns de diversas localidades Kardec coletou extenso material que resultou na publicação da grandiosa obra:O Livro dos Espíritos”, marco inicial do Espiritismo.
       Suas pesquisas tiveram início em 1855 quando recebeu 50 cadernos de comunicações mediúnicas. Kardec, homem dotado de habilidade de síntese e organização, ordenou e classificou as informações contidas nos cadernos. Além disso, formulou questionamentos que foram apresentados aos Espíritos em diversas ocasiões. Tudo isso foi publicado inicialmente em 501 questões na 1ª edição, em 18 de abril de 1857, na Livraria E. Dentu, no Palais Royal, Galérie d’Orléans, 13, cidade de Paris – França. Em seguida, novas informações levaram a ampliação e publicação de nova edição do Livro em 1019 questões em 18 de março de 1860. Ambas as edições foram ditadas e orientadas pelos Espíritos Superiores, tendo à frente o Espírito da Verdade; coube a Kardec determinar a ordem, a distribuição metódica das matérias e as notas explicativas. Está organizado em quatro partes: 1) As causas primárias; 2) Mundo Espírita ou dos Espíritos; 3) As Leis Morais; 4) As Esperanças e Consolações. Antecede às matérias uma introdução em 17 itens, seguida do item Prolegômenos (Prefácio longo), e, ao final, uma conclusão em 09 itens.
      No item I da introdução surgem os neologismos Espiritismo (Doutrina Espírita), Espírita e Espiritista, empregados por Kardec, para designar o conteúdo do Livro e os adeptos da Nova Revelação. Após a introdução ele inicia a parte primeira questionando o que é Deus e quais seus atributos, seguido dos itens: “Elementos Gerais do Universo”, “Criação” e “Princípio Vital”. A parte segunda possui 11 itens: “Dos Espíritos”; “Encarnação dos Espíritos”; “Retorno da vida corpórea à Vida Espiritual”; “Pluralidade das Existências”; “Considerações sobre a Pluralidade das Existências”; “Vida Espírita”; “Retorno à vida corporal”; “Emancipação da Alma”; “Intervenção dos Espíritos no mundo corporal”; “Ocupação e Missões dos Espíritos”; “Os três reinos”. A parte terceira possui 12 itens: “As Leis divinas ou naturais”; “Lei de Adoração”; “Lei do Trabalho”; “Lei de Reprodução”; “Lei de Conservação”; “Lei de Destruição”; “Lei de Sociedade”; “Lei do Progresso”; “Lei de Igualdade”; “Lei de Liberdade”; “Lei de Justiça, de Amor e de Caridade” e a “Perfeição Moral”. Finalizando, a parte quarta, com dois itens: “Penas e Gozos terrestres” e “Penas e Gozos futuros”.
       O Livro dos Espíritos estabelece as bases da Terceira Revelação de Deus aos homens, trazendo conceitos novos e mais aprofundados acerca de Deus, do Universo, dos Homens, dos Espíritos e das Leis que regem a vida. “O Espiritismo realiza o que Jesus disse do Consolador prometido: conhecimento das coisas, fazendo que o homem saiba donde vem, para onde vai e por que está na Terra; atrai para os verdadeiros princípios da Lei de Deus e consola pela fé e pela esperança” (ESE cap.6 - 4). São 150 anos de uma doutrina de Luz e Paz, a qual veio para estabelecer o primado do Espírito na sociedade humana e o triunfo do bem na implantação do Reino de Deus na Terra, nestes tempos de transição planetária. Este Livro inaugura a Era Nova da regeneração, ligando a todos em um grande laço de fraternidade, tolerância, paz e caridade mediante sua estrutura universal acerca do Espírito, sua origem, destino e as Leis que regem a sua vida imortal.
Marius
(artigo feito pela passagem dos 150 anos, em 18 de abril de 2007)

CAMPANHA COMECE PELO COMEÇO: Comece pelas Obras Fundamentais do Espiritismo - Allan Kardec


domingo, 3 de setembro de 2017

Espiritismo no Brasil 
 Espiritismo Religioso 


       O Espiritismo no Brasil, aqui surgido no final do século 19, tomou a feição religiosa, o cunho evangélico, por diversos motivos. Havia nesse período duas correntes ou leituras sobre o Espiritismo  no Brasil: os científicos e os místicos ou religiosos. Os científicos foram liderados, em especial, por Afonso Angeli Torteroli e os religiosos ou místicos, por Adolfo Bezerra de Menezes. Entre os chamados místicos também se adotava a obra de J.B Roustaing: ”Os Quatro Evangelhos”. O principal grupo era o “Grupo Ismael”, fundado em 15/07/1880. 
    Essas duas alas dividiam os espiritas brasileiros do final do século 19, no Rio de Janeiro, surgindo diversos grupos espíritas de curta existência. Desde o “Grupo Confúcio”, fundado em 1873, com duração aproximada de seis anos, delineava-se a futura Casa de Ismael. A esse Grupo pertenceram, entre outros, o Dr. Siqueira Dias, Dr. Bittencourt Sampaio, Dr. Antonio da Silva Neto, Dr. Joaquim Carlos Travassos, Prof. Casimir Lieutaud. Ao “Grupo Confúcio” seguiu-se a Sociedade de Estudos Espíritas “Deus, Cristo e Caridade”, fundada em março de 1876, com programação francamente evangélica estampada em seu próprio nome e cumprida até 1879. Paulatinamente, todos os grupos afinados com a filiação ideológica Espiritismo-Evangelho foram-se reunindo em torno da Federação Espírita Brasileira (FEB), consolidando-se com Bezerra de Menezes, de 1895 em diante, toda a diretriz sintetizada na frase: “Deus, Cristo e Caridade”.
      Assim foi até a fundação da Federação Espirita Brasileira – FEB, em 02 de janeiro de 1884. Esta tinha e tem a função de coordenar as atividades do Movimento Espirita, de dar subsídios e instrumentos para funcionamento dos centros espiritas. Ao lado dela existia o Centro da União Espirita do Brasil, que desejava também coordenar o movimento espirita, que era liderado pelos científicos. Houve diversos embates pela imprensa, em especial pela Revista “O Reformador” e jornais da época que culminaram com o encerramento, em dezembro de 1897, das atividades do Centro da União Espirita do Brasil. Os espiritas religiosos ficaram coordenando o movimento e colocaram o Espiritismo como sendo religioso e evangélico, denominando essa leitura e compreensão como “Cristianismo Redivivo”, situação que até hoje predomina em nosso país. Além disso, era o inicio da República, e, para melhor ser legitimado perante a sociedade, fazia-se necessário colocar o Espiritismo como Religião (1891). Isto ficou confirmado no Pacto Áureo de 05/10/1949. Há a tendência de nosso povo de religiosidade e misticismo, o que também influenciou a questão. Surgiram no Brasil diversos líderes que seguiram a tendência, entre eles médiuns como Chico Xavier, Divaldo Franco, Raul Teixeira entre outros. A partir de 1895 e até o final de sua segunda gestão (1900), Bezerra de Menezes propõe o Espiritismo como religião (não tradicional) cristã. Cristianismo Redivivo (restaurado) espírita.
    Por esses e outros motivos, o Espiritismo no Brasil se caracterizou e permanece com cunho religioso, sendo que atualmente, no Censo Demográfico do IBGE, existe a opção Espiritismo como religião. Conclusão: a proposta original de Kardec era científica e filosófica, de consequências morais e religiosas e a proposta do Espiritismo no Brasil (FEB) é a do Espiritismo cristão ou evangélico, religioso, sem critério, sem exame ou método de aferição de informações de origem mediúnica. Melhor seria colocar o método e racionalidade de Kardec como base do Espiritismo, na busca da verdade acerca dos Espíritos, na sua natureza, origem e destino e, a partir dele, melhor compreender a mensagem de Jesus. Kardec mesmo propôs o "Espiritismo cristão e humanitário", na questão 350 de " O Livro dos Médiuns".  Espiritismo com a espiritualidade e a moral pregada e vivida pelo Mestre Jesus.

Bem,  finalizamos afirmando:

O Espiritismo é a doutrina mais bela que pessoalmente temos conhecimento.

Marius

Referências:
(01)  Menezes, Bezerra de.  Canuto de Abreu FEESP -
Subsídios para a História do Espiritismo no Brasil até 1895.
(02)  Origens da FEB - site da FEB:
http://www.febnet.org.br/blog/geral/conheca-a-feb/origens/


" Estudar Kardec para entender Jesus"

         Nota: Neste particular do assunto "Espiritismo no Brasil", a questão do Movimento Espírita Brasileiro (MEB) liderado pela Federação Espírita Brasileira, prefiro o posicionamento MODERADO e não o extremista. Devemos fazer análises, observações, mas sem agressões ou hostilidades. Sem imposições. De forma imparcial e respeitosa. Há bons autores em nosso país, tais como Carlos Imbassahy (pai), Deolindo Amorim, J.Herculano Pires, Hermínio C.Miranda, L.Palhano Jr. Hernani Guimarães Andrade, Dr.Jorge Andréa etc. Alguns se esquecem deles.

   Apenas, creio que falta mais racionalidade e exame das obras em geral. Falta critério e método. Sem isso, falta segurança doutrinária em muitas obras de nosso movimento. A doutrina espírita é progressista, mas deveria seguir as orientações de Kardec quanto a não acreditarmos em tudo que vem do mundo espiritual, pois devemos examinar, observar, questionar e comparar o ensino de vários espíritos através de vários médiuns. Passar tudo pelo crivo da razão e do bom senso. Se algum espiritista não quer ou não pode fazer isso, deve buscar companheiros que o esclareçam nos pontos duvidosos. Como disse Erasto "Melhor rejeitar dez verdades a aceitar uma mentira". Fora do ensino moral devemos ter muito cuidado com as novidades expressas em livros.